A Engenharia Natural, também denominada no Brasil como Bioengenharia de Solos, é uma disciplina técnica que combina os princípios da engenharia hidráulica e da geotecnia com conceitos biológicos e ecológicos, na aplicação de medidas de proteção para controle de processos erosivos superficiais, estabilização geotécnica de taludes e estabilização hidráulica de cursos de água.
A Engenharia Natural através da combinação de materiais vivos (plantas, sementes, partes de plantas, etc.) com materiais inertes (pedra, madeira, solo, etc.) apresenta um conjunto de técnicas de baixo impacto ambiental para solucionar e/ou mitigar processos erosivos.
A especificação destas técnicas, além de ter em consideração critérios técnicos, também visa a promoção das funções ecológicas, estéticas e paisagísticas dos locais de intervenção.
As técnicas de Engenharia Natural podem ser utilizadas em vários campos de aplicação para mitigação e controle de processos erosivos e movimentos de massa em encostas ou taludes, cursos de água, lagos naturais ou artificiais, sistemas de drenagem, obras de infraestrutura como rodovias, ferrovias, dutovias, usinas hidrelétricas, entre outras, áreas mineradas, aterros sanitários, zonas urbanas, sistemas dunares, controle de sedimentos em áreas queimadas, recuperação de áreas degradadas, restauração ecológica, entre outras áreas com impactos ambientais.
A Engenharia Natural apresenta diversas tipologias construtivas que podem ser classificadas conforme a sua ação em profundidade em: técnicas de revestimento, estabilização e consolidação. Para a especificação de uma solução é determinante identificar o problema, as características e condicionantes do local e definir os objetivos da intervenção. A partir dessas informações podem ser escolhidas as técnicas de Engenharia Natural mais adequadas para solucionar o problema atuante em cada local.
As técnicas de revestimento ou antierosivas consistem em soluções de cobertura e proteção superficial do solo, permitindo o controle de processos erosivos superficiais. Podem ser constituídas por semeadura, hidrossemeadura, biomanta, geomalha, ou combinações entre elas.
As técnicas de estabilização aplicam-se para a sistematização de movimentos de massa superficiais. A sua profundidade de atuação está diretamente relacionada com a capacidade de crescimento e alcance do sistema radicular das plantas. São constituídas principalmente por material vegetal, como por exemplo, estacaria viva, feixes vivos, esteira viva, siltação viva, biorretentores de coco, banquetas vegetadas, ou combinações entre elas.
Técnicas de consolidação, por sua vez, consistem na combinação de materiais construtivos vivos com materiais inertes. São soluções que se caracterizam por apresentar uma estrutura construtiva mais complexa e são utilizadas na sistematização de movimentos de massa mais profundos. A sua robustez permite-lhes um imediato efeito de consolidação, tanto em margens fluviais, como em taludes secos. Podem ser constituídas por enrocamento vegetado, muros de suporte vivo (parede krainer), grade viva, gabião vivo, terra reforçada, barragens de contenção, entre outras. Normalmente são combinadas com técnicas de revestimento ou estabilização.
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